quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Poema

Ascese


Meu choro é ladainha de carpideira,
 lágrimas pagas de sal
afluem do amazonas deserto
de meus olhos,
deságuam poluídas
no cardume em desespero das ruas.

Arrancam a martelo
as pedras de minhas  páginas,
raspam a ferro
o ouro  de minhas notícias.

Ajoelho-me,
santo,
e imploro
a  esmola dos rumores.

Jazo sem postes o sepulcro das esquinas,
escuto o réquiem indiferente dos pássaros.

Torno-me um nome na rotina das missas.

Não choro
não trepo
não como,
só fedo
e cheiro.

Levo comigo a ternura branca dos ossos,
as narrativas não tecidas dos cabelos.

Sou mais que um rasgo roto no livro da história:
verso livre
sem rima
nem métrica,
mas mesmo assim:
POEMA.


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